O Instituto de Estudos de Segurança-África defendeu uma "ação rápida" da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) face aos ataques armados no Norte de Moçambique, alertando para o risco de a violência afetar outros pontos da região.
"A SADC não parece ter um plano claro para proteger as populações. É precisa agir rapidamente para evitar mais instabilidade na região", lê-se numa nota do Instituto de Estudos de Segurança - África (ISS, na sigla inglesa) divulgada na sua página de Internet.
Em causa estão as incursões armadas de grupos classificados como uma ameaça terrorista em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.
Para o ISS, a SADC tem a responsabilidade de apoiar Moçambique, num momento em que os grupos armados parecem "mais encorajados" e tendo em conta que a União Africana não pode intervir antes do órgão sub-regional.
A SADC "não se pode dar ao luxo de ter o conflito se arrastando. Quanto mais cedo responder com uma abordagem holística, alinhada com sua própria estratégia antiterrorista e apoiada por vontade política, menor a probabilidade de o terrorismo desestabilizar a região", frisou a organização africana.
Em 19 de Maio, a 'troika' do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC esteve reunida em Harare, capital do Zimbabué, e comprometeu-se a apoiar o Governo de Moçambique na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado, sem, no entanto, avançar mais detalhes.
Para o ISS, o encontro foi uma oportunidade para que o órgão apresentasse um plano concreto, mostrando que "finalmente estava a prestar atenção a uma ameaça que se pode espalhar para outras regiões".
"Não houve indicações claras, nem da declaração final nem dos pronunciamentos dos participantes, sobre o que exatamente a SADC fará", lamentou o instituto.
Cabo Delgado, província onde avança o maior investimento privado de África para exploração de gás natural, está sob ataque desde outubro de 2017, por insurgentes classificados desde o início do ano pelas autoridades moçambicanas e internacionais como uma ameaça terrorista.
Desde há um ano, o grupo ‘jihadista' Estado Islâmico passou a reivindicar algumas das incursões.
Em dois anos e meio de conflito, estima-se que já tenham morrido, no mínimo, 600 pessoas e que cerca de 200 mil já tenham sido afetadas, sendo obrigadas a refugiar-se em lugares mais seguros, perdendo casa, hortas e outros bens.
Fonte: Lusa