O coordenador do Centro de Operações de Emergências de Saúde da Guiné-Bissau disse, nesta quarta-feira, 17 de Fevereiro, que o plano de resposta ao Ébola, elaborado em 2014, está a ser atualizado devido a um surto na vizinha Guiné-Conacri.
"Já criámos uma comissão para rever o plano que se vai reunir ainda hoje à tarde para elaborar um documento que será levado a Conselho de Ministros para o Governo tomar decisões sobre o que será feito", afirmou Dionísio Cumba em entrevista à agência Lusa.
A Guiné-Bissau foi um dos países notificados pela Organização Mundial da Saúde devido aos surtos de Ébola que apareceram recentemente na República Democrática do Congo e na Guiné-Conacri, país com o qual faz fronteira.
Em 2014, a Guiné-Bissau já tinha um plano de resposta montado devido ao surto de Ébola registado na Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa, que provocou a morte a milhares de pessoas.
O médico guineense manifestou preocupação com a situação, lembrando que o sistema de saúde guineense “é frágil" e que o país está a enfrentar a segunda vaga de covid-19.
Segundo o coordenador do Centro de Operações de Emergências de Saúde da Guiné-Bissau, a estratégia de prevenção, para já, vai passar por controlar as zonas de mais fluxo de pessoas na fronteira.
Apesar de a Guiné-Conacri ter encerrado a fronteira há alguns meses com a Guiné-Bissau, há muitos pontos clandestinos por onde as pessoas entram e acaba por não haver uma "limitação clara".
"Há pontos clandestinos e fragilidades que ninguém controla e neste período que vai começar a campanha de castanha de caju há muita movimentação. Vamos visitar, para ver a zona com maior fluxo de fronteiras para fazer controlos sanitários", afirmou o médico guineense, que não recomenda o encerramento da fronteira.
Dionísio Kumba pretende igualmente iniciar a sensibilização das populações residentes nas zonas fronteiriças com a Guiné-Conacri, sul e leste, sobre o vírus, nomeadamente os mais velhos e os régulos, e vai propor ao Governo que os funerais só sejam realizados com a presença das autoridades sanitárias.
Os sintomas do Ébola são febre alta, vómitos, hemorragia e diarreia e numa fase mais avançada há registo de um conjunto de insuficiências dos órgãos.
"Estes sintomas têm de ser evidenciados para que a população possa perceber e alertar as autoridades sanitárias", disse.
O Ébola é transmitido aos seres humanos através de animais infetados. A transmissão humana ocorre através de fluidos corporais.(...)
Segundo o Centro de Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (Africa CDC), foram reportados nos últimos dias 11 casos de Ébola no continente, quatro casos e duas mortes na RDCongo e sete casos e quatro mortes na Guiné-Conacri, onde o surto está circunscrito à província de Nzérékoré.
Fonte: Lusa