Os benefícios do investimento digital no sector do petróleo e gás são múltiplos: o aumento da produtividade, a redução de custos e a melhoria do desempenho. Todos estes elementos tendem a acompanhar os investimentos em ‘Big Data’, na 'Internet das Coisas', na inteligência artificial e noutras tecnologias digitais. No entanto, de acordo com o índice de maturidade digital da Deloitte publicado em Maio passado, o sector de upstream do petróleo e gás segue significativamente atrás de outras indústrias no que diz respeito ao ritmo e grau de adoção de tecnologia digital.
A resistência à digitalização no sector upstream da indústria energética pode ser atribuída a vários fatores, alguns dos quais se aplicam aos produtores de hidrocarbonetos, independentemente da maturidade dos seus ativos ou da sofisticação do seu sector. Por exemplo, a indústria do petróleo e do gás impõe regulamentos rigorosos no âmbito da segurança e saúde no trabalho para proteger os empregados contra ambientes de alto risco, tais como plataformas petrolíferas offshore e, como resultado, as empresas não podem adotar livremente tecnologias automatizadas ou robotizadas sem assegurar que estas empreguem satisfatoriamente precauções de segurança. O sector está também dependente de uma extensa cadeia de fornecimento global, na qual as forças de trabalho variam em competências, capacidade, dimensão e custo. Adicionando a estes fatores está também a frequente volatilidade do mercado, tornando as transformações digitais difíceis de implementar em sintonia com a constante flutuação dos preços do petróleo.
No entanto, um dos principais obstáculos à adoção digital é exclusivo aos produtores mais maduros, na medida em que as tecnologias digitais têm que ser integradas com os sistemas herdados, para alem dos profissionais do petróleo e gás que as opera. Tais mercados são frequentemente caracterizados por uma exposição estreita e uma elevada resistência à mudança. Como resultado, a digitalização representa uma oportunidade única para produtores emergentes como Moçambique, onde se descobriram grandes reservas de gás offshore em 2010 e onde a decisão final de investir 20 biliões de dólares no desenvolvimento da sua Área 1 Moçambique LNG é tão recente como 2019. A relativa infância do sector - à medida que o país se prepara para produzir o seu primeiro gás até 2023 - permite a Moçambique incorporar novas tecnologias no ADN da sua indústria energética, enquanto esta evolui em tempo real, em vez de atualizar tecnologias e sistemas retroativamente.
As operações do petróleo e do gás dependem de processos altamente técnicos e físicos, nos quais as transformações digitais devem aplicar-se a ativos complexos e de capital intensivo, tais como plataformas offshore, terminais de GNL ou gasodutos. Pelo seu lado, Moçambique tem estado na vanguarda dos desenvolvimentos do gás em larga escala, sendo que alguns representam os primeiros do seu género tanto no país como no continente, incluindo o recentemente construído terminal flutuante de GNL Coral Sul, a primeira instalação a nível mundial de liquefação flutuante de águas profundas. Moçambique alavancou também a inovação e tecnologia alemã com o fornecimento de quatro compressores centrífugos e seis turbinas a gás industriais SGT-800 pela Siemens Energy para a produção de energia nas suas instalações de GNL. Em suma, Moçambique provou ser um destinatário condigno de conhecimentos especializados estrangeiros e continua a necessitar de tecnologia adicional e de transferência de conhecimentos para aplicar à sua gama de projetos de infraestruturas de gás de classe mundial.
Dado que a COVID-19 acelerou a necessidade de implementação digital, as empresas de todos os sectores tiveram de adotar ferramentas digitais para o teletrabalho, posicionando a tecnologia como um meio de lidar com as mudanças transformacionais enfrentadas por quase todas as indústrias. No sector do petróleo e gás, especificamente, a digitalização e otimização dos ativos dos campos petrolíferos surgiram como principais mecanismos de redução de custos, uma vez que as empresas de energia continuam a enfrentar ameaças à eficiência, sustentabilidade e rentabilidade. Integridade dos poços, recuperação de petróleo melhorada, sistemas de execução de produção, computação em nuvem - tais aplicações digitais são capazes de unir dados em tempo real com análises avançadas para melhorar a tomada de decisões e impulsionar a eficiência e a sustentabilidade, especialmente à medida que a necessidade de atribuir capital aos ativos com os retornos e eficiências operacionais mais elevados se torna mais premente.
Agora, mais do que nunca, Moçambique está na concorrência com outros mercados de ponta do petróleo e gás - tanto dentro como fora de África - para atrair investimento direto estrangeiro para o seu sector energético florescente. A digitalização representa uma vantagem competitiva estratégica, seja através do avanço dos estudos sísmicos que permitem às empresas tomar melhores decisões de perfuração, ou da redução no tempo de interpretação de dados e o custo associado da exploração. Para Moçambique, a digitalização representa uma oportunidade de mil milhões de dólares que não pode ser negligenciada.
A Africa Oil & Power está a trabalhar com o governo moçambicano para promover o investimento em energia e em diversos sectores, incluindo agricultura, indústria, turismo, construção e logística em 2021. Visite www.MzGasAndPower.com para mais informação.
Nos dias 8 e 9 de Março, a AOP acolherá a cerimónia de entrega do Prémio Presidencial (apenas por convite) e um Dia de Workshops em Maputo, antecedendo a conferência e exposição Moçambique Gas & Power 2021, que se realizará mais tarde em 2021. O evento será online. Se a sua organização gostaria de organizar um workshop, por favor envie um email para
Por Grace Goodrich (Distribuído pela APO).