O Presidente do Senegal, Macky Sall, apelou segunda-feira à calma no país, anunciando também um alívio no recolher obrigatório em vigor contra a covid-19, depois de vários dias de agitação que continua a atingir a capital, Dakar, apesar da libertação do opositor Ousmane Sonko.
"Todos nós, juntos, vamos calar os nossos ressentimentos e evitar a lógica do confronto, que leva ao pior", disse Sall num discurso transmitido pela televisão nacional do Senegal e citado pela agência France-Presse (AFP).
Sall apelou também à justiça para "seguir o seu curso com total independência" no caso de Sonko, envolvido num processo de violação contra uma jovem mulher.
Depois de vários dias de agitação civil no país, marcados por pilhagens e saques numa cidade habitualmente considerada como um oásis de estabilidade na África Ocidental, a capital senegalesa foi novamente cenário de novos confrontos, na segunda-feira, entre jovens simpatizantes de Sonko e as forças de segurança.
Falando à comunicação social na sede do seu partido, e perante centenas de apoiantes que o aclamavam como presidente, Sonko defendeu que Sall já não é "legítimo para liderar o Senegal", tendo-se oposto a um derrube pela força e mostrando-se ansioso pelas eleições presidenciais previstas para 2024.
A detenção de Sonko, a 03 de Março, originou três dias de confrontos entre jovens e as forças da lei, pilhagens e saque num país de 16 milhões de pessoas, geralmente considerado uma ilha de estabilidade política.
Pelo menos cinco pessoas foram mortas, com a imprensa a relatar números mais elevados, mas dificilmente confirmáveis.
Por seu lado, Sonko relata dez mortes, apontando Macky Sall como o "único" responsável.
A capital senegalesa acordou hoje, dia em que Sonko foi presente a tribunal, com veículos militares do exército nas ruas, no início de um dia de protestos de alto risco no país.
A área em redor do tribunal foi isolada e os veículos blindados posicionados nas proximidades, segundo um jornalista da agência AFP. Outros veículos blindados do exército, equipados com metralhadoras, foram colocados à entrada de um bairro popular que foi palco de confrontos na semana passada.
Sonko, que terminou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2019 e se esperava que fosse um dos principais candidatos nas eleições presidenciais de 2024, foi oficialmente preso por perturbar a ordem pública quando se dirigia ao tribunal para responder a acusações de violação, apresentadas contra ele por uma empregada de um salão de beleza, onde ia receber uma massagem para aliviar as dores nas costas.
Fontes: AFP e Angop