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Cabo Verde: Presidente do PAICV pede demissão após derrota eleitoral

Cabo Verde: Presidente do PAICV pede demissão após derrota eleitoral

A presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, anunciou que vai pedir nos próximos dias a sua demissão da liderança do partido após a derrota nas eleições legislativas deste domingo, 18 de Abril.

O anúncio da líder da oposição foi feito na sede nacional do PAICV, na Praia, já depois de o presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, ter proclamado a vitória, mantendo a maioria absoluta no parlamento.
“Como sempre disse, para mim, a política não pode ser encarada como profissão nem como carreira. Penso que na política sempre é preciso ser-se coerente e consequente e retiro sim consequências políticas dos resultados destas eleições, por isso, nos próximos dias apresentarei a minha demissão como presidente do PAICV aos órgãos do partido”, anunciou Janira Hopffer Almada.
Há cinco anos, mas após perder as eleições autárquicas, Janira Hopffer Almada colocou o cargo à disposição do partido, mas acabaria depois por continuar na liderança, que agora pretende deixar, sem dar indicações quanto ao próximo líder, explicando que não deve interferir.
“Aqui devo ter sobretudo uma postura de retirar as consequências, mas não intervir para o futuro. Penso que um líder que sai não deve tentar criar condicionalismos a um futuro líder que vai entrar. Não seria correto nem ético da minha parte”, justificou.
A líder partidária não respondeu também se, mesmo deixando a liderança do partido, vai ocupar ou não o cargo de deputada no parlamento cabo-verdiano. “Penso que por ora já fiz as declarações que me cabiam”, afirmou Janira Hopffer Almada.
Durante a declaração, a presidente do PAICV felicitou ainda o Movimento para a Democracia (MpD) e o seu líder, Ulisses Correia e Silva, pela vitória nas eleições, reconhecendo que “o povo é sempre soberano” e a sua vontade deve ser sempre respeitada.
“Parabenizo o MpD e Ulisses Correia e Silva e espero que Cabo Verde, de facto, tenha bons tempos na sua governação”, afirmou a presidente do maior partido da oposição cabo-verdiana, que agradeceu ainda a todos os cabo-verdianos que acompanharam o partido nesta jornada.
Questionada sobre o que correu mal para o PAICV voltar a perder as eleições legislativas, Janira Hopffer Almada respondeu que não poderá dizer, mas apenas que a governação feita durante os últimos cinco anos pelo MpD foi aprovada.
“Nós temos uma visão diferente, mas aquilo que importa é a visão do povo, nós temos que respeitar a visão do povo, que é sempre superior a todas as visões”, salientou a presidente, numa declaração ladeada por membros do partido.
Quando estão apuradas 97% do total das mesas de voto, o Movimento para a Democracia (MpD) vence com 49,1% dos votos, elegendo 36 deputados, o PAICV com 38% dos votos, de um total de 28 deputados, e a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) com 9% dos votos, que permite eleger quatro deputados.
Quase 393 mil eleitores cabo-verdianos foram chamados hoje às urnas para estas sétimas eleições legislativas de Cabo Verde, escolhendo entre 597 candidatos de seis partidos os deputados ao parlamento na próxima legislatura.
A votação decorreu das 07:00 às 18:00 locais (mais duas horas em Lisboa), sem incidentes relevantes, de acordo com fonte da CNE contactada pela Lusa.
Nesta votação foram escolhidos para um mandato de cinco anos 72 deputados, dois dos quais pelo círculo de África, dois pelo círculo da América e dois pelo círculo da Europa e resto do mundo.
A votação vai ainda definir o Governo para os próximos cinco anos e acontece num momento de recordes diários de novos infetados por covid-19 no arquipélago.
O número máximo de eleitores por mesa foi fixado em 350 eleitores, para o território nacional, “tendo em vista minimizar os constrangimentos logísticos, nomeadamente a falta de edifícios públicos e de cidadãos para desempenharem as funções de membros de mesa de voto”, e como prevenção à transmissão da covid-19, segundo a CNE.
A estas legislativas concorreram, em todos os 13 círculos eleitorais no país e no estrangeiro, o MpD, o PAICV e a UCID, todos com representação parlamentar.
Depois, o Partido Popular concorreu em cinco círculos, o Partido Social Democrata em quatro e o Partido do Trabalho e da Solidariedade em cinco.
O MpD, então na oposição, venceu com maioria absoluta (quase 54% dos votos) as eleições legislativas em 2016, afastando do poder, ao fim de 15 anos, o PAICV (ambos os partidos já venceram, cada um, três eleições legislativas).
Cabo Verde conta com uma população de cerca de 550 mil pessoas, mas estima-se que a comunidade cabo-verdiana na diáspora ultrapasse o milhão.
O ciclo eleitoral em Cabo Verde iniciou-se em 25 de outubro de 2020, com as eleições municipais, prosseguiu domingo com eleições legislativas e termina em 17 de outubro deste ano com a primeira volta das eleições presidenciais.
Fonte: Lusa

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