O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique, Luís Bitone, alertou, esta quarta-feira, 19, que a situação humanitária continua crítica em Cabo Delgado, reforçando o apelo para o envolvimento da sociedade no apoio às populações afetadas pelo conflito.
"Que fique claro que há uma situação crítica em Cabo Delgado no que diz respeito aos direitos humanos", disse à Lusa Luís Bitone, presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique, falando após um encontro com organizações da sociedade civil em Pemba, no âmbito de uma visita de trabalho àquela província do norte do país.
"Estamos a perder vidas humanas, não há segurança e os deslocados estão a viver em situações precárias. Tudo isto enquadra-se na noção de violação dos direitos humanos", declarou Luís Bitone.
Para Luís Bitone, além do envolvimento da sociedade no apoio às populações afetadas, é urgente uma ação concertada entre as entidades públicas, organizações da sociedade civil e o sistema das Nações Unidas para atenuar o sofrimento das pessoas face à crise humanitária.
"Em muitas regiões, as casas dos nossos concidadãos foram queimadas, há crianças doentes e com dificuldades de alimentação", frisou Luís Bitone, acrescentando que o número de pessoas deslocadas continua a aumentar e os apoios que têm sido mobilizados não são suficientes.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, com alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.
Um ataque a Palma, junto ao projeto de gás em construção, em 24 de março provocou dezenas de mortos e feridos, sem balanço oficial anunciado.
As autoridades moçambicanas anunciaram controlar a vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar o recinto do empreendimento que tinha início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.
Fonte: Lusa