A crise política na Guiné-Bissau teve esta segunda-feira mais um episódio, com a decisão de cinco deputados do PAIGC de comparecerem na abertura da sessão ordinária da Assembleia Nacional Popular (ANP), apesar da decisão do seu grupo parlamentar de boicotar o plenário por considerar que a actual situação de insegurança e de pressão policial sobre os seus dirigentes impede a livre actuação política dos deputados.
Segundo o jornal português Público, esses cinco deputados, junto com o parlamentar do PND, ajudaram a que houvesse quórum para a abertura da sessão e permitiram a criação de uma nova maioria, capaz de introduzir na agenda a discussão do programa do Governo de Nuno Nabiam, que a comissão permanente da ANP havia deixado de fora.
Só o presidente do parlamento, Cipriano Cassamá, deputado do PAIGC, votou contra a introdução do programa de Governo. Todos os outros 56 deputados presentes se mostraram favoráveis. Aliás, quando o plenário votou a introdução do programa do Governo como primeiro ponto da agenda, alguns deputados chegaram a rir-se quando Cassamá foi o único a levantar-se para votar contra.
Enquanto o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, aceitava o pedido de exoneração de cinco ministros, para garantir que estes ocupavam o seu lugar de deputados na ANP e demonstravam a maioria que o Governo de Nuno Nabiam afirmava ter, o PAIGC procurava garantir a não realização da sessão, depois de todas as manobras intimidatórias sofridas nos últimos meses pelos seus dirigentes e pelos deputados da APU-PDGB que se mantiveram fiéis ao acordo parlamentar com o PAIGC (ao contrário do seu líder, Nabiam).
Num comunicado, na sexta-feira, o grupo parlamentar do PAIGC decidiu boicotar a sessão plenária por considerar que o “actual estado de terror” punha em causa “a realização da sessão ordinária”, ao não estarem reunidas “as condições políticas e de segurança” para “os deputados exercerem livremente as suas funções”.
Fonte: Público.pt